quarta-feira, 29 de abril de 2009

Democratizar a informação....




Brasil vai ter bibliotecas públicas em todos os municípios até julho

O Ministério da Cultura estabeleceu julho como prazo para cumprir a meta de ter pelo menos uma biblioteca em cada um dos 5.562 municípios brasileiros. Atualmente, 331 cidade do país ainda não têm qualquer tipo de biblioteca, seja municipal ou em escolas públicas. Para o coordenador de Articulação Federativa do Programa Mais Cultura, Fabiano dos Santos, o marco é importante, mas também é preciso olhar para as condições desses espaços.

“Zerar o número de municípios sem biblioteca no Brasil é uma dívida social centenária que temos com a sociedade brasileira. É fundamental que o país consiga alcançar essa meta, mas é preciso criar uma rede articulada para que essas bibliotecas se tornem um espaço de formação de leitura”, disse Santos, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, nos meses de maio e junho será feita a entrega dos últimos kits para os municípios, com um acervo de 2,5 mil livros, equipamentos eletrônicos e mobiliário. A data para inauguração desses espaços está marcada para 25 de julho, quando será promovido pelo ministério o Dia D da Leitura em todo o país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ir a uma dessas localidades para a inauguração de uma biblioteca.

Para o pesquisador do Instituto Pró-Livro, Galeno Amorim, a notícia deve ser comemorada. “A biblioteca tem um papel extraordinário no desenvolvimento e na formação de leitores. Não existe um único país do mundo que tenha conseguido chegar à condição de desenvolvido sem ter antes resolvido o seu problema de acesso à educação e aos livros”, aponta. Mas ele lembra que é fundamental criar estratégias nacionais para que as bibliotecas funcionem de maneira adequada.

Além de implantar a biblioteca em locais em que ela não existe, Santos conta que o ministério está modernizando outros equipamentos em 400 municípios. De acordo com Galeno, o país tem hoje 6 mil bibliotecas municipais e 60 mil escolares, além das comunitárias. Mas muitas delas estão em situação precária, o que acaba afastando o leitor em potencial.

“Apenas um em cada 10 brasileiros vai com freqüência a um biblioteca. Quando o leitor vai uma, duas, três vezes à biblioteca e não encontra o livro, ele começa a se desinteressar. Eles acham que de alguma maneira podem estar perdendo tempo e se afastam da biblioteca”, explica. Uma das principais estratégias para atrair o público é garantir um horário de funcionamento da biblioteca para além do expediente comercial e, além disso, garantir que haja profissionais habilitados trabalhando nesses espaços, além de acervos periodicamente atualizados.

Para receber um kit biblioteca do Ministério da Cultura, a prefeitura precisa criar a biblioteca por lei, estabelecer dotação orçamentária e quadro funcional para a manutenção do espaço, além de prever uma programação cultural para o local. “O que está por trás disso tudo é um conceito de biblioteca como centro de produção e difusão da arte e da cultura, como espaço dinâmico e interativo, não apenas de ser um depósito de livros, mas um espaço de acesso aos bens culturais e formação de leitura”, explica Santos.

A maioria dos pouco mais de 300 municípios que ainda não têm biblioteca são da Região Norte e Nordeste. Mas, segundo Santos, é possível que o número seja maior. “Isso porque os sistemas nacionais e estaduais de bibliotecas, utilizados para fazer esse levantamento, apontam que em um local há uma biblioteca, mas ela pode ter sido fechada”, diz. De acordo com o coordenador, o ministério está fazendo uma pesquisa in loco para checar o funcionamento desses espaços.

Santos conta, ainda, que em alguns municípios a prefeitura diz não ter interesse em receber uma biblioteca. “Como eles têm que ter o espaço, além de criar a biblioteca, alguns prefeitos têm resistência. Eles não consideram que seja um equipamento importante para a cidade”, diz. Ele pede aos moradores de cidades sem biblioteca que entrem em contato com o ministério para informar a situação. Um link no site do ministério permite o acesso a um formulário para que o problema seja comunicado.

Galeno Amorim, do Instituto Pró-Livro, sugere que, nesses casos, a sociedade pressione as autoridades locais para exigir o que é um direito, o acesso à cultura.

Da Agência Brasil


sábado, 25 de abril de 2009

Quem foi Gutenber?





GUTENBERG, Johann Gensfleish (1397 ?-1468) - Nascido na cidade de Móguncia (Alemanha), no seio de uma família bastante próspera, é a ele que se deve a criação do processo de impressão com caracteres móveis - "a tipografia". Tanto o seu pai como o tio eram funcionários da Casa da Moeda do arcebispo de Móguncia, sendo provavelmente ali que Joahann aprendeu a arte da precisão em trabalhos de metal. Em 1428, Gutenberg parte para Estrasburgo onde procedeu às primeiras tentativas de imprimir com caracteres móveis e onde deu a conhecer a sua ideia. Nesta cidade terá, provavelmente, em 1442, impresso o primeiro exemplar na sua prensa original - um pedaço de papel, com onze linhas.

Em 1448 voltou a Mogúncia. Aqui, em 1450, conhece Johann Fust, homem de dinheiro, que lhe terá emprestado 800 ducados, exigindo-lhe a participação nos lucros da empresa que então formaram e a que deram o nome de "Das Werk der Buchei" (Fábrica de Livros). A sociedade ganhou pouco tempo depois um novo sócio, Pedro Schoffer. Terá sido este que descobriu o modo de fundir e fabricar caracteres, aliando o chumbo ao antimónio, devendo-se a ele também uma tinta composta de negro de fumo. Mas é a Gutenberg que a história atribui o mérito principal da invenção da imprensa, não só pela ideia dos tipos móveis mas também pelo aperfeiçoamento da prensa (a prensa já era conhecida e utilizava-se para cunhar moedas, espremer uvas, fazer impressões em tecido e acetinar o papel). Nos primeiros impressos então produzidos contam-se várias edições do "Donato" e bulas de indulgências concedidas pelo Papa Nicolau V. No início da década de 1450, Gutenberg iniciou a impressão da célebre Bíblia de quarenta e duas linhas (em duas colunas). Com cada letra composta à mão, e com cada página laboriosamente colocada na impressora, tirada, seca e depois impressa no verso, parece quase impossível que alguém tivesse coragem para começar.

Ao que parece Gutenberg estaria a imprimir trezentas folhas por dia, utilizando seis impressoras. A Bíblia têm 641 páginas, e pensa-se que foram produzidas cerca de trezentas cópias, das quais existem cerca de quarenta. Nem todas as cópias são iguais, tendo algumas no início de novos capítulos, letras pintadas à mão, em caixa alta. Os peritos reconhecem que a Bíblia foi impressa em dez secções, o que significa que Gutenberg deve ter possuído tipos suficientes para imprimir cerca de 130 páginas de cada vez.
Mais tarde, em 1455, depois de realizada esta impressão, a sociedade desfez-se por diferenças de interesses e direitos, suscitando-se entre Fust e Gutenberg tal dissidência que a justiça teve que intervir. Como consequência do julgamento e como compensação pela dívida, Fust ficou com a impressora, os tipos e as bíblias já completas, ou seja, todo o negócio de Gutenberg. Terá sido também em 1455 o ano de publicação da "Bíblia de quarenta e duas linhas".

A longa caminhada do papel eletrônico

Colunista destaca principais avanços na busca do dispositivo flexível que pode revolucionar a leitura

Aautor: Carlos Alberto dos Santos
Fonte: Ciência Hoje On-line. Data: 27/03/2009.
URL: http://cienciahoje.uol.com.br/141468

Um objeto semelhante a uma folha flexível, capaz de "carregar" diferentes configurações de textos e imagens? É isso o que promete o papel eletrônico, inovação que pode se tornar uma realidade muito antes do que você imagina (imagem: reprodução). Imagine-se sentado em um banco de praça, quando alguém ao seu lado retira de um fino canudo uma folha retrátil e transparente de tamanho A4. De repente, letras e imagens aparecem naquela folha, como se fosse uma página impressa. O contraste e a visibilidade das letras em diferentes ângulos lembram uma folha de papel. Isso ainda é uma cena de ficção. Você não encontra esse produto na loja da esquina, mas Epson, Fujitsu, HP, Hitachi, IBM, Kodak, Motorola, Philips, Pioneer, Samsung, Siemens, Sony e Xerox, para citar apenas empresas conhecidas do grande público, trabalham para que isso não demore a acontecer. O papel eletrônico – a folha transparente da cena imaginária – já existe em diversos produtos. Falta apenas ele aparecer no design imaginado acima e com um preço compatível com a renda de boa parte da população. Nos laboratórios de pesquisa, os trabalhos que viabilizaram o papel eletrônico já têm uma longa história. Podemos dizer que a saga remonta aos anos 1950, quando propriedades elétricas foram descobertas em alguns polímeros e as primeiras imagens xerográficas foram obtidas com o processo conhecido como eletroforese. Na década seguinte, com a descoberta dos polímeros semicondutores, estava aberta a estrada para se chegar ao papel eletrônico. Mas a evolução da ciência e da tecnologia não é assim tão certinha. Tropeços metodológicos e estratégias comerciais entortaram o rumo dessa história. Passados mais de 40 anos, ainda estamos à espera do papel eletrônico com as propriedades que teoricamente consideramos adequadas. E quais são essas propriedades? Para se assemelhar ao papel impresso em funcionalidade e disponibilidade, o papel eletrônico deve ter bom contraste, de modo a ser lido até na claridade da luz solar. Isso implica que as imagens deverão ser visualizadas por reflexão da luz e não por transmissão, como ocorre nas usuais telas de computadores e de televisores. É claro que isso não impede que um fabricante possa fazer um papel eletrônico que emita luz, mas essa não é a alternativa que está fazendo a cabeça da indústria. Assim como o papel convencional, de celulose, o eletrônico também deve ser flexível, de modo que possa ser encurvado e guardado em um canudo. Tem que apresentar baixo consumo de energia e, sobretudo, ter preço de venda compatível com o orçamento de grande parte da população. Ainda não se conseguiu um produto que atenda a todas essas exigências. Vejamos alguns dos caminhos seguidos pelos pesquisadores para chegar a elas. Tinta e suporte

Folha enrolada de Gyricon, papel eletrônico desenvolvido pelo Centro de Pesquisa da Xerox. O dispositivo foi batizado a partir da expressão grega que significa "rotação de imagem" (foto: Eugeni Pulido). O papel eletrônico tem basicamente dois componentes: a tinta e o suporte flexível. A este associa-se o sistema eletrônico, capaz de imprimir e apagar texto e imagens. Cada um desses componentes é parte de uma grande área de pesquisa, agraciada com alguns prêmios Nobel pelo caminho. O principal modo de preparação da tinta eletrônica, por exemplo, utiliza a eletroforese, fenômeno cuja descoberta em 1937 valeu o Nobel de Química de 1948 ao sueco Arne Tiselius (1902-1971). Antes de abordarmos os métodos atuais, vale a pena recordar a primeira ideia de uma tinta eletrônica. Ela foi inventada por Nicholas Sheridon em 1974, quando era pesquisador do Centro de Pesquisa da Xerox, em Palo Alto, naquela região da Califórnia conhecida como Vale do Silício. O processo foi batizado de Gyricon, palavra grega que significa “rotação de imagem”. Essencialmente o processo funciona assim: esferas de plástico microscópicas são fabricadas com um hemisfério pintado de branco e outro de preto. Cada um deles tem uma carga elétrica diferente – digamos que o hemisfério branco seja negativo, enquanto o preto é positivo. Milhares dessas esferas são dispersas em um líquido entre duas camadas de material flexível. Uma delas é necessariamente transparente. Se uma voltagem positiva for aplicada na camada transparente, as esferas giram e exibem o hemisfério negativo (branco). Letras e imagens são então produzidas com uma distribuição adequada de voltagens na camada transparente. O processo foi abandonado pela Xerox em dezembro de 2005, quando seus competidores avançavam na técnica de eletroforese. No processo de eletroforese, por sua vez, existem duas alternativas. Na primeira, algumas esferas são brancas, enquanto outras são pretas. Esferas de uma cor são carregadas positivamente, e as outras, negativamente. Na segunda alternativa, apenas um tipo de esfera é disperso em um líquido colorido e que apresente um bom contraste com a cor das esferas – esferas brancas em um líquido azul, por exemplo. Em ambos os casos, a formação da imagem é similar ao processo do Gyricon: a distribuição de voltagens é que define a imagem. No caso de esferas brancas carregadas negativamente, uma voltagem positiva na superfície visível apresenta uma imagem branca, pois as esferas são atraídas pela voltagem. No caso de uma voltagem negativa, elas são repelidas, e a imagem fica azul. Esse mecanismo é aplicado em cada ponto da imagem. Ou seja, cada pixel tem um conjunto de esferas e uma conexão ao sistema eletrônico. Vejamos um dos processos utilizados para formar cada pixel. A tinta eletrônica do MIT

A tinta eletrônica desenvolvida no MIT se baseia no princípio da eletroforese. O dispositivo conta com milhares de micropartículas esféricas de cor preta e branca, cada tipo carregada com um sinal diferente. Em função da carga elétrica aplicada, muda a disposição das microesferas na superfície do suporte flexível. O rearranjo dessas partículas permite formar diferentes textos e imagens (arte: Gerald Senarclens de Grancy). Esse método foi inventado por Joseph Jacobson e colaboradores, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), entre 1997 e 1998. Milhares de micropartículas com diâmetro em torno de 5 micrômetros, metade brancas e metade pretas, são encapsuladas numa esfera de material transparente, com diâmetro entre 30 e 300 micrômetros. As micropartículas brancas podem ser obtidas com dióxido de titânio, e as pretas, com pigmentos inorgânicos. Cada espécie de micropartícula é carregada com um sinal diferente. Existem procedimentos químicos para evitar que haja atração entre as cargas de sinais contrários. Outra alternativa é usar um único tipo de partícula em um fluido dielétrico cuja cor contraste com a das micropartículas. Milhares de cápsulas formando um líquido como uma tinta comum são fixadas em uma folha de polímero semicondutor. Uma vez fixada, a tinta é manipulada pelo sistema eletrônico para a formação de imagens. Antes de descrever o sistema eletrônico, convém adiantar que este é o principal responsável pela esperada popularização do papel eletrônico. A base polimérica permite a flexibilidade do papel, e o baixo custo de produção dos circuitos integrados redundará em produtos baratos. O sistema eletrônico Para a fabricação de circuitos integrados baseados no silício são necessários ambientes de alto vácuo, sofisticados e caros. No caso de polímeros semicondutores, filmes finos podem ser formados a partir de soluções líquidas, por intermédio de um processo de auto-organização em pressão atmosférica – uma espécie de impressão de jato de tinta. Embora simples, o processo não deixa de ter suas exigências em termos de precisão. Um circuito integrado é formado por milhares de transistores. Em cada um deles, existem partes ocupadas pelo elemento ativo – no caso, o polímero – e partes ocupadas por contatos elétricos passivos. Em transistores de polímeros, a distância entre alguns contatos é inferior a 5 micrômetros.

Não é fácil controlar gotas d'água que se esparramam sobre uma superfície. De forma análoga, o controle da forma como se esparramam as gotas da solução polimérica usada no papel eletrônico foi um dos desafios no seu desenvolvimento (foto: Dan Shirley). A deposição da solução polimérica no substrato do circuito deve ter resolução suficiente para não cobrir esses contatos. Ocorre que os processos mais simples de deposição não conseguem resolução inferior a 20 micrômetros. Isso é consequência da dificuldade de se controlar o fluxo e a tendência das gotas de polímero se esparramarem pela superfície do substrato. Uma solução interessante para restringir o espalhamento das gotas de polímero foi inventada por Henning Sirringhaus e colaboradores no Laboratório Cavendish, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), há menos de cinco anos. Eles simplesmente colocaram um produto hidrofóbico nas regiões proibidas. Como as gotas de polímero contêm água, elas não conseguem penetrar naquelas regiões hidrofóbicas. Em escala de laboratório o avanço é extraordinário. A empresa americana E Ink Corporation tem contribuído significativamente para isso. Já em 2003 eles apresentaram, em associação com a Philips, um pequeno painel (12,7 centímetros na diagonal), utilizando a tinta eletrônica do MIT. Dois anos depois eles apresentaram o primeiro protótipo no tamanho de uma folha A4. Esse protótipo usa 100 vezes menos energia do que um monitor de cristal líquido convencional. A razão – válida para todos os dispositivos desse tipo – é que, uma vez formada a imagem, ela permanece na tela mesmo na ausência do campo elétrico que a formou. Por outro lado, como sua visualização se dá por reflexão da luz incidente no painel, não há necessidade de bateria para manter a exibição da imagem. Esta será utilizada apenas para acionar o sistema eletrônico nos momentos em que se desejar formar ou apagar imagens. Uma perspectiva mais ampla Quando se fala em papel eletrônico, geralmente vem à mente a imagem do início desta coluna. Nesse sentido, ele seria uma evolução dos atuais livros eletrônicos. No entanto, a indústria tem uma perspectiva mais ampla quando se refere a esse produto. Não devemos esquecer que papel eletrônico é qualquer coisa que seja flexível, possa exibir imagens por reflexão de luz, apresente baixo consumo de energia e, se possível, tenha grande capacidade de armazenamento. Assim, o leque de assemelhados se abre extraordinariamente. Teremos, por exemplo, papel eletrônico em etiquetas de produtos nas prateleiras de lojas e supermercados. Os dados ali contidos poderão ser alterados por um sistema de comunicação sem fio. Teremos papel eletrônico em grandes painéis, a um custo bem inferior aos atuais. No que se refere ao sonho de consumo de muitos leitores, voltemos à cena inicial: um canudo com 1 centímetro de diâmetro e 15 a 20 centímetros de comprimento. Lá dentro, uma folha retrátil, com milhares de livros gravados e conexão sem fio para buscar conteúdo em repositórios na internet e um sistema que permita uso de mensagens eletrônicas. Tudo isso por não mais do que 250 reais, e em futuro mais próximo do que muitos imaginam!

Biblio o quê?







Biblioteconomia é a área do conhecimento especializada em pesquisar, desenvolver e utilizar os mais eficazes métodos para o tratamento da informação, visando sua preservação, recuperação e uso. Das imagens e informações em papel aos sites e banco de dados, a biblioteconomia e seus profissionais precisam encarar o desafio das mudanças da era digital.

Que profissionais queremos ser? Ou seremos...

















por A.Berbe em 25.11.08

O EREBD SE/CO 2008, realizado em São Paulo, já acabou. No entanto, ficaram idéias e perguntas no ar.

O legal desses eventos são os contatos com as pessoas de outros cursos de biblioteconomia, o que dá uma noção de como são as realidades em cada região.

Também é preciso destacar as mesas redondas que foram de alto nível e o empenho dos organizadores em disponibilizar o conteúdo das palestras na internet, ao vivo. Isso demonstra a preocupação dessa turma com o acesso à informação e o uso da internet para a disseminação de conteúdos. São futuros bibliotecários versão 2.0. :-D

Apesar de não estar presente em corpo, não perdi as mesas redondas de Virtualidade e Contestação pela internet. Havia muitos nomes de peso: Luli Radfahrer (professor da ECA/USP), Maria Aquino (professora da FFLCH/USP), Oswaldo Francisco de Almeida Júnior (professor da UEL) e Luís Milanesi (professor da ECA/USP).

Toda boa palestra faz uma agitação na cabeça de idéias e questões sobre o assunto tratado. De maneira geral, acho que as palestras pegaram numa questão muito relevante para a nossa área e que é dúvida de todos: que profissionais queremos ser?

A seguir, seguem algumas anotações do que foi levantado nas falas dos palestrantes:

  • Os bibliotecários são responsáveis pela preservação da informação;
  • Muitas vezes, o que os alunos aprendem na faculdade não refletem os problemas encontrados numa biblioteca real. Os profissionais precisam identificar as necessidades de seus clientes e buscar atendê-los;
  • Pensar na internet como solução universal para acesso a qualquer tipo de informação é um equívoco. A web representa ainda uma pequena parte de toda informação existente;
  • Os serviços de informação e bibliotecas, em geral, se encontram burocraticamente engessadas. Falta inovação, falta iniciativas de “fazer melhor e diferente”;
  • Os bibliotecários adoram normas, regras e hierarquias muito bem estruturadas. Às vezes, isso é um empecilho. Não devemos olhar feio para a folksonomia. Devemos apropriá-la;
  • A cabeça dos atuais alunos e novos profissionais está mudando, mas como mudar a cabeça dos antigos profissionais? E como mudar a “cabeça” de instituições que não dão valor às bibliotecas e seus profissionais?
  • Não há canais de informação alternativos à televisão, rádio e internet. As bibliotecas deveriam assumir o seu lado contestador como recurso de informação voltado à população e como local de transformação do conhecimento;
  • Sobre as publicações disponíveis na área de ciência da informação e biblioteconomia, é fato: lemos mais do mesmo. É interessante buscar leituras de outras áreas relacionadas. Só assim podemos transformar, melhorar e inovar;
  • Não vivemos numa sociedade da informação ou sociedade do conhecimento. Vivemos numa sociedade do excesso de informação ou numa sociedade da pseudo-acessibilidade da informação (depende do ponto de vista e do otimismo de cada um);
  • Para trabalhar com informação especializada, hoje, não precisa ser mais um profissional da informação. Basta saber pesquisar;
  • O bibliotecário que trabalha em biblioteca escolar precisa conhecer mais Piaget que Dewey. E isso vale para qualquer área;
  • Existe uma forte e natural relação entre informação e comunicação. O bibliotecário precisa pensar mais como comunicador, embora as faculdades não estejam preparadas para formar um profissional com essa característica;
  • Já passou o tempo de disseminar a informação. Precisamos começar a mediar a informação.
(Imagem: orionoir, no Flickr)

As bibliotecas em uma nova era

por A.Berbe em 30.05.08



Robert Danton, da University Library at Harvard, escreveu um artigo para o New York Review of Books sobre o papel das bibliotecas nesse mundo altamente conectado e “dominado” pelo Google, em referência ao status adquirido por esse sistema de busca em relação à recuperação de informação.

O autor faz a seguinte questão: qual a posição das bibliotecas perante as “maravilhas tecnológicas” iguais ao Google?

Após fazer um breve passeio pela história dos livros e das tecnologias de informação, Danton é categórico: a biblioteca não deve se tornar um museu ou um armazém de livros empoeirados (o adjetivo “empoeirados” eu coloquei para enfatizar a idéia de abandono ou proibição de acesso, o que acontece com muitos acervos). E convida as instituições para compartilharem seus acervos, oferecendo formas para que seus usuários possam utilizá-los. A digitalização de acervos tornando-os realmente público é algo benéfico, uma forma de oferecer acesso quase que universal a determinados conhecimentos que antes seriam impossíveis de usufruí-los.

Isso tudo foi dito para dizer que, embora as tecnologias de informação e sites como Google possam facilitar o acesso à informação, as bibliotecas merecem o papel central como instituições que preservam o passado e orientam o desenvolvimento do futuro.

Eu concordo. E acredito que muitos conscientes profissionais tenham a mesma opinião.


O ESCAFANDRO E A BORBOLETA



Dando continuidade ao tema sobre a consciência, discutiremos este foco em “O escafandro e a borboleta”, filme de Julian Schnabel (EUA, 2007) baseado no livro homônimo,que aborda a história real de Jean Dominique Bauby, editor da revista Elle até o momento do acidente. Bauby tinha 43 anos quando sofreu um AVC, de etiologia desconhecida, com seqüelas neurológicas de uma síndrome específica denominada Locked-In:

“Conhecido como síndrome de desconexão cerebromedullospinale, pseudocoma ou ventral Pontina síndrome. Ao contrário do estado vegetativo persistente, em que a parte superior do cérebro são danificadas e as porções menores sejam preservadas, esta síndrome é causada por danos causados às partes específicas do cérebro e tronco cerebral inferior, sem danos para o cérebro superior (diencefalo e telencéfalo).” (Wikipédia)

Pacientes que apresentam a síndrome Locked-In estão plenamente conscientes. Eles sabem exatamente onde estão os seus braços e pernas e, ao contrário dos pacientes paralisados ainda pode receber sensações tátil e de dor. Alguns pacientes têm a capacidade para mover alguns músculos faciais. A maioria dos pacientes com a síndrome Locked-In, não recuperam o controle motor, mas diferentes equipamentos estão disponíveis para ajudá-los a se comunicar.

Os doentes com a síndrome Locked-In dizem que se sentem na maior parte bastante calma, e alguns afirmam estar um pouco "triste”. Este é o oposto de pânico e de terror que poderia ser assumida em pessoas conscientes de que não podem mover ou falar. Estes dados indicam que as emoções são devidos a interpretações das sensações corpo. Uma vez que as pessoas que estão no estado locked-in não ter um grande sentido de corporalidade (propriocepção), o cérebro não recebe feedback indicando o perigo.

Bauby tinha sua consciência intacta, mas seu corpo estava “ausente”, como uma prisão, ou, pra usar suas palavras, preso num escafandro, imobilizado no seu self? Parte de sua mente funcionava muito bem: tinha emoções, pensamentos, compreensões, imaginações, memórias. Sua consciência central e ampliada estavam intactas, eram a sua borboleta. Contudo seu eu, sua noção de self e de pertencimento, estava danificada, pois segundo os autores que temos visto até agora, a autoconsciência depende do corpo, sua imagem corporal está alterada modificando completamente este sentimento que temos de eu. Mas o quanto isso é verdadeiro? Bauby aprendeu a se comunicar com o piscar de um olho, e assim soletrou um livro inteiro. Não podemos afirmar que sua autoconsciência estava alterada, sua mente funcionava, mas a perda do corpo faz com que ela seja a mesma de antes? Possívelmente não. “Pois o ego é antes de tudo um ego corporal” (Freud) e assim a borboleta se liberta do escafandro...

domingo, 19 de abril de 2009

Comentário do filme O CARTEIRO E O POETA

Olá biblioamigos queria dizer que gostei bastante do Filme. Ele revela uma realidade pura pois fala do preconceito em relação ao analfabetismo porque os analfabetos não recebiam cartas, como fala o chefe de Mario no começo, e tmbém do preconceito ao poeta, a sua linguagem e maneira de expressar o meio ao seu redor por parte da tia da noiva do carteiro e do padre da vila.Este é um filme de arte, um filme de amor, um filme de luta. O cenário é maravilhoso, os atores são ótimos. Um filme para chorar e refletir por algum tempo depois que acaba.É uma ótima indicação de arte pois traz o brilhantismo do bravo poeta chileno Pablo Neruda, ao explorar sua invulgar concepção de amor. As metáforas empregadas por ele possuem um veio bastante contemplativo, o que dá ao filme uma leveza agradável.










Numa remota ilha do Mediterrâneo, um carteiro recebe a ajuda do poeta Pablo Neruda a fim de conquistar o amor de sua vida. Com Massimo Troisi e Philippe Noiret. Vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora - Drama.



seta3.gif (99 bytes) Ficha Técnica
Título Original: Il Postino
Gênero: Romance
Tempo de Duração: 109 minutos
Ano de Lançamento (Itália):
1994
Estúdio: Miramax Films / Blue Dahlia Productions / Cecchi Gori Group Tiger Cinematografica / Esterno Mediterraneo Film / Penta Films, S.L.
Distribuição: Miramax Films
Direção: Michael Radford
Roteiro: Anna Pavignano, Michael Radford, Furio Scarpelli, Giacomo Scarpelli e Massimo Troisi, baseado em livro de Antonio Skármeta
Produção: Mario Cecchi Gori, Vittorio Cecchi Gori e Gaetano Daniele
Música: Luiz Enríquez Bacalov
Direção de Fotografia: Franco Di Giacomo
Desenho de Produção: Lorenzo Baraldi
Figurino: Gianna Gisi
Edição: Roberto Perpignani



seta3.gif (99 bytes) Elenco
Massimo Troisi (Mario Ruoppolo)
Philippe Noiret (Pablo Neruda)
Maria Grazia Cucinotta (Beatrice Russo)
Renato Scarpa (Telégrafo)
Linda Moretti (Donna Rosa)
Mariano Rigillo (Di Cosimo)
Anna Bonaiuto (Matilde)
Bruno Alessandro (Pablo Neruda - voz)



seta3.gif (99 bytes) Sinopse
Por razões políticas o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) se exila em uma ilha na Itália. Lá um desempregado (Massimo Troisi) quase analfabetoé contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade.







seta3.gif (99 bytes) Premiações
- Ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora - Drama, além de ter sido indicado em outras 4 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Massimo Troisi) e Melhor Roteiro Adaptado.


- Ganhou 3 prêmios no BAFTA, nas seguintes categorias: Melhor Diretor, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Trilha Sonora. Foi ainda indicado em outras duas categorias: Melhor Ator (Massimo Troisi) e Melhor Roteiro Adaptado.

- Ganhou o Prêmio do Público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.


seta3.gif (99 bytes) Curiosidades
-
O ator e roteirista Massimo Troisi morreu de ataque cardíaco apenas um dia após a conclusão das filmagens de O Carteiro e o Poeta.

Psicólogo fingi ser gari para defender Tese de Mestrado

Tese de Mestrado de
Fernando Braga da Costa ( Psicólogo )

‘Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível’.
Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da ‘invisibilidade pública’. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
( Plínio Delphino- Jornal O Diário de São Paulo.)

O psicólogo social Fernando Braga da Costa, vestiu uniforme e
trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são ’seres invisíveis, sem nome’. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da ‘invisibilidade pública’, ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:

‘Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência’, explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.- ‘Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado-se a um poste, ou em um orelhão’, diz.
Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quem os enxerga. E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.

Diário :Como é que você teve essa idéia?
Fernando Braga da Costa - Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.

Diário - Com que objetivo?
Fernando Braga da Costa - A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis.

Diário - Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação?
Fernando Braga da Costa - Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa? Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos.. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.

- Dê um exemplo.
Fernando Braga da Costa - Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão. O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: ‘É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão’.

Diário - Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?
Fernando Braga da Costa - Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari. Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente. As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.

Diário - Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?
Fernando Braga da Costa - Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.

Diário - Eles testaram você?
Fernando Braga da Costa - No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: ‘E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?’ E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

Diário - O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Fernando Braga da Costa - Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

Diário - E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fernando Braga da Costa - Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

Diário - E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Fernando Braga da Costa - Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma ‘COISA’.

Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!

sábado, 18 de abril de 2009

Dia Nacional do Livro Infantil


MONTEIRO LOBATO

" Um país se faz com homens e livros "

















(Monteiro Lobato)
José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882, em Taubaté, no Vale do Paraíba. Estreou no mundo das letras com pequenos contos para os jornais estudantis dos colégios Kennedy e Paulista.


No curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo, dividiu-se entre suas principais paixões: escrever e desenhar. Colaborou em publicações dos alunos, vencendo um concurso literário promovido em 1904 pelo Centro Acadêmico XI de Agosto.


Morou na república do Minarete, liderou o grupo de colegas que formou o Cenáculo e mandou artigos para um jornalzinho de Pindamonhangaba, que tinha como título o mesmo nome daquela moradia de estudantes. Nessa fase de sua formação, Lobato realizou as leituras básicas e entrou em contato com a obra do filósofo alemão Nietzsche, cujo pensamento o guiaria vida afora. Viveu um tempo como fazendeiro, foi editor de sucesso, mas foi como escritor infantil que Lobato despertou para o mundo em 1917.

Escreveu, nesse período, sua primeira história infantil, "A menina do narizinho arrebitado". Com capa e desenhos de Voltolino, famoso ilustrador da época, o livrinho, lançado no natal de 1920, fez o maior sucesso. Dali nasceram outros episódios, tendo sempre como personagens Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Tia Anastácia e, é claro, Emília, a boneca mais esperta do planeta. Insatisfeito com as traduções de livros europeus para crianças, ele criou aventuras com figuras bem brasileiras, recuperando costumes da roça e lendas Do folclore nacional.

E fez mais: misturou eles todos com elementos da literatura universal, da mitologia grega, dos quadrinhos e do cinema.
No Sítio do Picapau Amarelo, Peter Pan brinca com o Gato Félix, enquanto o saci ensina truques a Chapeuzinho Vermelho no país das maravilhas de Alice. Mas Monteiro Lobato também fez questão de transmitir conhecimento e idéias em livros que falam de história, geografia e matemática, tornando-se pioneiro na literatura paradidática - aquela em que se aprende brincando. Trabalhando a todo vapor, Lobato teve que enfrentar uma série de obstáculos. Primeiro, foi a revolução dos Tenentes que, em julho de 1924, paralisou as atividades da sua empresa durante dois meses, causando grande prejuízo.

Seguiu-se uma inesperada seca, obrigando a um corte no fornecimento de energia.
O maquinário gráfico só podia funcionar dois dias por semana. E numa brusca mudança na política econômica, Arthur Bernardes desvalorizou a moeda e suspendeu o redesconto de títulos pelo Banco do Brasil. A conseqüência foi um enorme rombo financeiro e muitas dívidas. Só restou uma alternativa a Lobato: pedir a autofalência, apresentada em julho de 1925. O que não significou o fim de seu ambicioso projeto editorial, pois ele já se preparava para criar outra empresa.

Assim surgiu a Companhia Editora Nacional. Sua produção incluía livros de todos os gêneros, entre eles traduções de Hans Staden e Jean de Léry, viajantes europeus que andaram pelo Brasil no século XVI.

Lobato recobrou o antigo prestígio, reimprimindo nela sua marca inconfundível: fazer livros bem impressos, com projetos gráficos apurados e enorme sucesso de público.
Sofreu perseguições políticas na época da ditadura, porém conseguiu exílio político em Buenos Aires. Lobato estava em liberdade, mas enfrentava uma das fases mais difíceis da sua vida. Perdeu Edgar, o filho mais velho, e presenciou o processo de liquidação das companhias que fundou e, o que foi pior, sofreu com a censura e atmosfera asfixiante da ditadura de Getúlio Vargas.

Partiu para a Argentina, após associar-se à Brasiliense e editar suas Obras Completas, com mais de dez mil páginas em trinta volumes das séries adulta e infantil. Regressa de Buenos Aires, em maio de 1947, para encontrar o país às voltas com situações conflituosas do governo Dutra.

Indignado, escreveu "Zé Brasil".
Nele, o velho Jeca Tatu, preguiçoso incorrigível, que Lobato depois descobriu vítima da miséria, vira um trabalhador rural sem terra.

Se antes o caipira lobatiano lutava contra doenças endêmicas, agora tinha no latifúndio e na distribuição injusta da propriedade rural seu pior inimigo.
Os personagens prosseguiam na luta, mas seu criador já estava cansado de tantas batalhas.

Monteiro Lobato sofreu dois espasmos cerebrais e, no dia 4 de julho de 1948, virou "gás inteligente" - o modo como costumava definir a morte.
Foi-se aos 66 anos de idade, Deixando uma imensa obra para crianças, Jovens e adultos, E o exemplo de quem passou A existência sob a marca do inconformismo.




Pesquisa no site www.lobato.com.br

O desenvolvimento de atividades relacionadas ao dia do escritor e ao dia do livro reside, sem dúvida, na importância das informações e no prazer que a leitura proporciona a todos. Relacionar essas duas datas é bastante adequado, uma vez que o livro não existe sem o escritor.

O Dia Nacional do Livro é comemorado em 29 de outubro. Essa data foi escolhida para a comemoração, considerando-se a data da fundação da Biblioteca Nacional (29/10/1810), por D. João VI. O grande acontecimento permitiu a popularização do livro, tornando mais fácil o acesso à leitura.

Além das datas já citadas, é fundamental lembrar que o dia 18 de abril foi escolhido para comemorar o Dia do Livro Infantil, por ser esse o dia do nascimento de Monteiro Lobato, um dos precursores da obra literária infantil no Brasil.


NESSA DATA TÃO IMPORTANTE, NÃO DEVEMOS DIEXAR DE FAZER NOSSOS COMENTÁRIOS,

O LIVRO É ALÉM DE VEICULO DO CONHECIMENTO É AMIGO, IRMÃO,PAI (CONSELHEIRO), ELEMENTO FUNDAMENTAL DO APRENDIZADO.

Leia mais,ler também é ume exercício,BIBLIOAMIGOS incentivem a leitura;

O Fim do Vestibular... THE END

Os equívocos por resolver

João Batista Araujo e Oliveira


A proposta para mudar o vestibular está na mesa. As discussões na imprensa revelam duas tendências. De um lado, os que sugerem abortar o debate, em nome da autonomia universitária. De outro, os que já celebram, por antecipação, o fim do vestibular, como se isso fosse possível.

Há dois aspectos a considerar. O primeiro deles se refere à unificação do vestibular: o aluno prestará um único exame, num único local, e esse exame servirá para concorrer a vagas em qualquer universidade federal ou, quem sabe, pública. Seja de forma compulsória ou por consenso, esse é o modelo predominante em todos os países desenvolvidos. Apesar dos pruridos relativos ao conceito de autonomia universitária, não deverá haver dificuldades intransponíveis nessa área. A experiência do exame unificado dos mestrados em economia já abriu a picada. Se só isso vingar da proposta apresentada, esse avanço na dimensão da equidade já terá sido um grande passo. Isso também significará maior competitividade para entrar nas melhores escolas, o que contribui para a qualidade.

O segundo aspecto é mais complexo: avaliar o impacto das mudanças no ensino médio. Ao contrário do que está explícito na maioria dos comentários surgidos - as propostas apresentadas em nada mudarão o ensino médio. Vejamos a razão. A proposta veiculada pelo Ministério da Educação (MEC) sugere quatro provas. Duas serão de Português e Matemática. Até aí, tudo bem. As outras duas provas são mais problemáticas, pois se baseiam no ambíguo Enem: uma prova de ciências naturais e outra de ciências humanas. Aqui mora o perigo. Se alguém ainda tiver dúvidas: se o Enem - que chegou até a substituir o vestibular em algumas escolas - não mudou o ensino médio, por que as duas novas provas, que nele se baseiam, mudariam algo?

O Enem repousa na ideia de que conteúdos não são relevantes. Relevante seriam "competências gerais" para resolver problemas. Nada de novo, trata-se de uma ideia velha e equivocada. Até o século 18, acreditava-se que quem sabia latim e grego estava preparado para o resto. No século 19, a crença era a de que aprender xadrez desenvolvia a inteligência. E no século 21 ainda há quem acredite nessas tais habilidades gerais de resolução de problemas, independentemente do conhecimento profundo das disciplinas. Em caso de dúvida, o leitor poderá consultar qualquer manual elementar de psicologia cognitiva ou de psicometria.

As pesquisas recentes da neurociência aplicada ao estudo da aprendizagem mostram que os especialistas - ao contrário dos aprendizes - são capazes de adquirir e articular novos conhecimentos com base em extensas redes de informações montadas ao longo de anos de estudo e da lida com um determinado conjunto de conhecimentos. Prova disso é que, em todos os países desenvolvidos, o fim do ensino médio e a entrada nas universidades se dá com base em exames voltados para disciplinas. A única exceção ocorre nos Estados Unidos. Mas, mesmo lá, onde se usa o SAT - um teste de competências linguísticas fortemente relacionado com o Q.I. -, este exame evoluiu e passou a oferecer, desde 2005, testes para avaliar competências nas disciplinas específicas. Nenhum país da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) usa aferições do tipo do Enem para avaliar competências no ensino médio nem para regular a entrada no ensino superior. Em matéria de educação, mais uma vez, estamos na contramão da história.

Para quem não gosta de discussões conceituais e teóricas, há outra forma mais fácil e objetiva de avaliar se a proposta do MEC provocará alteração no ensino médio. Basta pesquisar o que pensam e como agem os representantes de boas escolas e os bons professores de ensino médio, que preparam alunos para vestibulares competitivos. Eles irão confirmar que nada mudará, da mesma forma que o Enem nada mudou. A razão é simples: para solucionar problemas é preciso conhecer a disciplina na qual vamos resolver as questões.

O Brasil teria muito a ganhar se, em vez de plantar mais jabuticabeiras, copiasse e adaptasse o que há de melhor na experiência internacional. Há lições particularmente importantes a extrair dessa experiência.

Devemos manter o exame com foco em disciplinas, e não em conceitos etéreos como os do Enem. Para avaliar competências intelectuais correlacionadas com desempenho acadêmico, melhor seria aplicar o SAT - como faz o Chile. Para avaliar competências mais amplas, inclusive a capacidade de usar conhecimento científico de forma interdisciplinar, teríamos muito a aprender com os programas de ensino médio da Inglaterra.

Outra lição consiste em limitar o número de disciplinas obrigatórias para cada aluno - tipicamente se requer no máximo de 3 a 4 exames. O máximo são 7 exames (como no International Baccalauréat), mas, nestes casos, os alunos escolhem três disciplinas principais. Nas outras fazem o teste mais fácil. Esses são os critérios adotados pelos países mais avançados, e que alimentam as melhores universidades do mundo. E nesses países, com raras exceções, o aluno cursa entre 5 e 7 disciplinas no ensino médio.

Usar este tipo de normas tornaria o ensino médio acadêmico mais desafiante, estimulante e relevante para os alunos. As escolas poderiam oferecer várias disciplinas, mas os estudantes só teriam de cursar algumas delas, o que permitiria ter foco e profundidade. É fato que tais decisões só se aplicariam ao ensino médio acadêmico, voltado para o vestibular. E, principalmente, não resolveriam todas as questões do ensino médio, que ainda está à espera de reformas mais profundas. Mas já seria um passo muito importante.

João Batista Araujo e Oliveira é presidente do Instituto Alfa e Beto

MEC começa a pré-testar novo Enem

O Ministério da Educação (MEC) deu início à preparação das provas do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deverá substituir o vestibular em universidades federais. Até junho, terá início o chamado pré-teste de 1.500 questões, com a participação de estudantes da rede pública e privada de ensino médio e superior.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) quer aplicar provas diferentes para reduzir o risco de fraudes. O pré-teste, que já é realizado em outras avaliações como a Prova Brasil, serve justamente para medir a complexidade das questões e permitir a comparação de testes distintos.

— Provas diferentes aumentam a segurança — disse ontem o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes.

O instituto já dispõe de um banco de dados com 3.500 questões para aplicação imediata. São perguntas formuladas para o atual Enem e o Enceja (exame para quem fez supletivos), entre outros exames. Elas poderão ser aproveitadas, mas o novo Enem exigirá perguntas mais difíceis.

O ministro Fernando Haddad anunciou a intenção de realizar o novo Enem em 3 e 4 de outubro. Ele evita, contudo, bater o martelo porque ainda negocia a adesão das universidades federais. Na sexta-feira, Haddad terá novo encontro com reitores.

— É uma atividade rotineira. Nós precisamos do banco (de questões), independentemente disso (a adesão das universidades) — minimizou o ministro.

Segundo Reynaldo Fernandes, o pré-teste será feito com alunos do 2.º ano do ensino médio e calouros em universidades.

(Matéria publicada hoje no jornal "O Globo")

Universitário custa 6 vezes mais que aluno da rede básica

O MEC divulgou hoje novos números sobre investimento público em educação no Brasil.

Em 2007, ano mais recente com dados disponíveis, o Brasil gastou 4,6% do PIB com ensino em todos os níveis.

Isso representa um acréscimo de 0,2 ponto percentual em relação a 2006, quando a educação ficou com 4,4% do PIB.

No mundo desenvolvido, o patamar é de 5%. Mas o Brasil precisa mais, disse o ministro Fernando Haddad. Pelo menos 6% do PIB.

Afinal, aqui a dívida é grande: baixa qualidade do ensino, alunos defasados, professores despreparados.

O cálculo considera os investimentos das prefeituras, dos governos estaduais e da União.

Um universitário custa 6,1 vezes mais do que um aluno da escola básica.

Em 2006, a diferença era maior: 6,7 vezes. Em 2000, maior ainda: 11,1.

Em valores absolutos, um universitário custava aos cofres públicos R$ 12.322, ante R$ 2.005 na rede básica.

No ensino médio, a despesa por aluno ficava em R$ 1.572 ao ano - ou R$ 131 por mês.

Pergunto: qual escola de ensino médio do país cobra R$ 131 de mensalidade?

E depois tem gente que diz que o país já gasta o bastante com educação.

Ao anunciar os dados, o ministro Fernando Haddad disse que a desproporção entre gastos no ensino superior e básico ainda precisa diminuir, mas já está próxima do padrão dos países desenvolvidos, onde gira em torno de 5,7 vezes pró-universitários.

- Estamos nos aproximando do padrão de financiamento do mundo desenvolvido - declarou Haddad.

Por ora, só o padrão de financiamento mesmo. Porque a diferença de gasto por aluno continua enorme. E o aprendizado, então, nem se fala.

Se o Plano de Desenvolvimento da Educação der certo, os alunos de 4.ª série do ensino fundamental atingirão em 2021 o nível que seus colegas do mundo desenvolvimento alcançaram em 2003.


Passo-a-passo da proposta de vestibular unificado do MEC

A proposta do MEC para o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem):

- Data: 3 e 4 de outubro (sábado e domingo).

- Como será o exame: redação e quatro provas de múltipla escolha, com 50 questões cada: linguagens (língua portuguesa e estrangeira); matemática; ciências naturais; e ciências humanas.

- Divulgação de resultados: 4 de dezembro de 2009 (4 provas objetivas) e 8 de janeiro de 2010 (redação e nota final).

- O novo Enem, assim como o atual, poderá ser feito por estudantes do ensino médio e por quem já concluiu esse nível de ensino em anos anteriores.

As instituições de ensino poderão adotar o novo Enem de duas formas:

1) Uso da nota: não requer adesão das instituições

- Os resultados individuais no Enem contarão pontos no vestibular de cada instituição, podendo até mesmo substituí-lo, conforme regras no edital de cada universidade.

- Os candidatos deverão inscrever-se no novo Enem pela internet, como já ocorre atualmente, e nos vestibulares que desejar fazer.

2) Sistema de Seleção Unificada: requer adesão das instituições

- O novo Enem substituirá o vestibular, como fase única, para ingresso em todas as instituições que aderirem.

- Instituições que quiserem usar o novo Enem somente como primeira fase do vestibular não poderão aderir. Só serão permitidos, como segunda fase, exames específicos de aptidão, como em cursos de música e arquitetura.

- Instituições que desejarem realizar simultaneamente outras formas de seleção, como programas seriados em que os alunos fazem prova nos três anos do ensino médio, poderão reservar um percentual de vagas para o sistema alternativo e destinar o restante à seleção pelo novo Enem.

- Os candidados deverão inscrever-se no novo Enem pela internet.

- Após a divulgação dos resultados do novo Enem, os candidatos terão que se inscrever no Sistema de Seleção Unificada, também pela internet. Será necessário informar o CPF.

- Os candidatos farão cinco opções de curso (podem ser cinco cursos da mesma instituição ou um de cada universidade) e indicarão se desejam concorrer por sistema de ação afirmativa (cota, bônus), no caso de universidades que ofereçam essa possibilidade.

- Pela internet, o candidato poderá acompanhar o número de inscritos por curso, assim como a nota de todos. Desse modo, saberá qual a nota de corte para ingresso no respectivo curso.

- Ao constatar que não tem nota suficiente para ficar com a vaga, o candidato poderá inscrever-se em outro curso - da mesma ou de outra instituição. As trocas serão livres até o encerramento do período de inscrições, que deve durar cerca de duas semanas.

- Em caso de empate, ficará com a vaga: quem tiver nota mais alta na prova de linguagens, na de matemática e for mais velho.

- O sistema gerará uma lista de aprovados. Candidatos reprovados para ingresso no curso da primeira opção ficarão com a vaga da segunda opção, caso tenham nota para isso. Da mesma forma, candidatos reprovados para os cursos da primeira e segunda opção, ficarão com a vaga da terceira opção, desde que tenham nota para isso. E assim sucessivamente até a quinta opção.

- Os candidatos deverão matricular-se diretamente nas universidades.

- As vagas que sobrarem serão preenchidas em segunda chamada.

Fonte: Ministério da Educação.


Íntegra da entrevista com o ministro Fernando Haddad

Após sacudir o país com a proposta de substituir os vestibulares das universidades federais por um novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro Fernando Haddad corre para concretizar a ideia este ano.

A ideia é aplicar a prova nos dias 3 e 4 de outubro, mas o alcance da medida dependerá do grau de adesão das instituições. Nas últimas semanas, Haddad reuniu-se diversas vezes com reitores, o que voltará a fazer nos próximos dias. Para ele, o vestibular é uma "anomalia brasileira" e o novo Enem ajudará a melhorar o currículo do ensino médio.

Lembrado no PT para disputar as eleições de 2010 — fala-se até no governo de São Paulo —, o ministro desconversa: "Não acho que nada em educação sirva de slogan para campanha, porque são processos muito lentos."

A seguir, a íntegra da entrevista concedida por Haddad a mim e ao jornalista Francisco Leali, coordenador da editoria de Nacional na sucursal do GLOBO em Brasília, na última sexta-feira:

GLOBO: O novo Enem vai ser aplicado este ano?
FERNANDO HADDAD:
O ministério está se preparando para aplicar o Enem nos dias 3 e 4 de outubro, já no novo formato. Estamos fazendo neste momento uma discussão com as universidades federais, não apenas do ponto de vista do formato do Enem, mas do seu cronograma de implantação. A decisão definitiva depende um pouco da reação dos reitores a esse segundo documento, que foi encaminhado esta semana, que estabelece normas operacionais de adesão e de utilização do Enem. Mas quero crer que a reação das instituições, até aqui, é favorável à mudança.

— Dá tempo de aplicar o novo Enem este ano e já adotar o novo sistema de seleção unificada?
HADDAD:
O novo Enem, este ano, dá tempo. Já temos um banco de itens que, com pequenos ajustes, pode servir de base para a elaboração da prova nos novos moldes. Como não foi feita a licitação ainda para a aplicação, bastaria um pequeno ajuste no edital, um reforço no orçamento, para que a prova fosse aplicada nos novos moldes.

— Quando o sr. lançou a proposta, disse que um dos grandes benefícios seria garantir mobilidade: um estudante do Acre poder estudar no Rio. Mas a estrutura das federais para receber alunos de fora é bastante sucateada. O MEC tem dinheiro para bancar a mobilidade?
HADDAD:
Nós recriamos a rubrica de assistência estudantil, que havia dez anos não existia mais. A rubrica de assistência estudantil foi recuperada, era uma das principais reivindicações da UNE. Este ano, conta com R$ 200 milhões no orçamento. E nós temos plena consciência de que esse novo formato de seleção exigirá, talvez, até dobrar a verba de assistência.

— Essa despesa não foi afetada pelos cortes orçamentários?
HADDAD:
Nem as que foram afetadas pelos cortes vão permanecer como estão. Há uma emenda ao orçamento que permite a recomposição das rubricas do MEC. Estamos inclusive com o aval do presidente para que a execução do Plano de Desenvolvimento da Educação siga o regime do PAC.

— Como fica o estudante que se preparou para fazer vestibular e agora vai ter um Enem pela frente?
HADDAD:
O que eu posso garantir é que o aluno que se preparou bem para o Enem, para o vestibular ou para os dois terá um excelente desempenho no novo formato. Não haverá nenhum tipo de prejuízo, isso é líquido e certo. Há inúmeros estudos que mostram que o desempenho dos estudantes é basicamente o mesmo em qualquer prova. A correlação de desempenho no Enem, no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e no vestibular chega a 0,8, 0,9, próxima a 1. É muito forte. O grande mérito dessa proposta é facilitar a vida do estudante e auxiliar a reorganizar o ensino médio.

— O que vai acontecer com os cursinhos pré-vestibulares?
HADDAD:
Hoje há muitos tipos de cursinhos pré-vestibulares. Já há cursinhos voltados para o atual Enem. Da mesma maneira que se criaram essas entidades voltadas para o Enem, o novo Enem ensejará esse tipo de movimento. Agora, quero crer que haverá um enfraquecimento desse tipo de proposta. O mundo não trabalha com o conceito de cursinho pré-vestibular. É uma anomalia brasileira em virtude de nós não termos alterado a tempo o formato atual de vestibular. Ele é próprio dessa anomalia. Com o novo formato, eu penso que alguns vão se adequar e haverá espaço ainda para isso, mas eu penso que o ensino médio é que será o grande beneficiado desse processo, porque vai poder se reestruturar de uma maneira muito mais adequada.

— Tem reitor com medo de que estudantes das capitais peguem as vagas do interior. Isso pode acontecer?
HADDAD:
O número de alunos do Ceará que estuda no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), por exemplo, já foi matéria de jornal várias vezes, como boa notícia. A experiência internacional saúda a mobilidade, porque todos ganham. Não creio que isso vá acontecer. Entendo que o principal beneficiário dessa medida é o aluno de baixa renda, que não tem condição de prestar mais de um vestibular, pagar taxa de inscrição e se deslocar pelo país. Porque os vestibulares não são feitos nacionalmente, como o Enem. Ainda assim, eu creio, pela experiência do ProUni, que a mobilidade não será muito grande, infelizmente. Nos Estados Unidos, em que as condições de mobilidade são ótimas, ela atingiu 20%. As condições de mobilidade lá são ótimas: todas as universidades têm condições de receber alunos que vêm de fora. Não só estão preparadas, como estimulam essa mobilidade, porque estão à espera dos melhores alunos do país e, algumas, do mundo. Aqui nós podemos esperar um número muito menor, a julgar pela experiência do ProUni. Mas ainda que eu considere legítima a preocupação de reitores, sobretudo de regiões que estão a exigir um plano de desenvolvimento local, há outras formas de atender a essa preocupação. Se verificarmos o PAS (Programa de Avaliação Seriada) da UnB (Universidade de Brasília), ele em geral contempla os alunos que podem se submeter a três exames durante o ensino médio, que são os alunos das escolas públicas (das privadas também) do Distrito Federal ou muito próximas.

— Os educadores sempre satanizaram o vestibular como um péssimo instrumento para selecionar os alunos que realmente sabem. Agora, os reitores das federais e os dirigentes das particulares parecem ter gostado da sua proposta. Por que ela nunca veio antes?
HADDAD:
São muitos fatores. Em primeiro lugar, o acúmulo de experiência do nosso instituto de pesquisas. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) mudou radicalmente. O Inep, só para citar um exemplo, este ano, independemente desta decisão, aplicará 10 milhões de exames no país: 5 milhões no âmbito da Prova Brasil; 3 milhões no Enem (número aplicado no ano passado); 1 milhão do Enceja (teste de certificação do ensino médio, na modalidade de jovens e adultos) e 1 milhão no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). Não só do ponto de vista do banco de itens que precisou formar, mas sobretudo do ponto de vista da segurança logística desses produtos, O Inep é outro instituto. O Enem era aplicado a 300 mil alunos.

— Quem teve a ideia do novo Enem?
HADDAD:
A ideia vem sendo amadurecida ao longo dos últimos dois anos. Ela é óbvia, né? A partir do momento em que você tem os vestibulares tradicionais, o Enem, o Enade de ingressante e o Enceja, quatro provas voltadas praticamente para o mesmo pública, que é o concluinte do ensino médio, estava dada a solução de que essas provas poderiam ser combinadas numa única prova que servisse a muitos propósitos: de certificação de conclusão do ensino, de "baseline" para cálculo de valor agregado no ensino superior, de orientador da reestruturação curricular do ensino médio e de ingresso na educação superior.

— O sr. ousa dizer que 2010 será o ano do enterro do vestibular?
HADDAD:
Não posso prever o ritmo, até porque ele está me surpreendendo positivamente. Mas eu entendo que essa agenda veio para ficar. Se será 2010, 2009, eu não sei dizer hoje. Mas, pela reação positiva, pelo amadurecimento da proposta, pelo acúmulo desses anos, eu entendo que o Brasil vai dar finalmente um passo para o qual se preparou. Não estamos fazendo isso de maneira irresponsável. Uma proposta dessas quatro anos atrás talvez não fosse factível.

— Para quem fala que o sr. está na lista dos candidatos nas eleições de 2010, o sr. diria que o slogan "o homem que acabou com o vestibular" pode ser usado na campanha?
GLOBO:
Sinceramente, não acho que nada em educação sirva de slogan para campanha, porque são processos muito lentos, de uma geração. São resultados que se colhem com muita parcimônia, infelizmente. E em nenhum momento em pauto o meu dia por nenhuma consideração dessa ordem.

— É uma marca que vem para ficar...
HADDAD:
Penso que é mais uma das marcas do governo Lula. O governo Lula tem grandes realizações na área da educação. Eu poderia citar dezenas, algumas muito estruturantes. Basta pensar no Fundeb, na reforma do Sistema S, no Reuni, no ProUni, na Universidade Aberta, na expansão das escolas técnicas, nos institutos federais, no ensino fundamental de nove anos, na Prova Brasil, no Ideb. São marcas do governo Lula inseridas no âmbito de um plano que teve grande aceitação não apenas por governadores, prefeitos, reitores, mas a própria academia e a opinião pública.

— O sr. convidou também o setor privado a aderir ao novo Enem. Qual foi a receptividade?
HADDAD:
Não foi propriamente um convite. Foi quase uma satisfação, em virtude do fato de que algumas instituições de ensino superior sérias investem muito na formação do aluno durante o primeiro ano e se viam prejudicadas pelo fato de o Enade ser aplicado somente ao final do primeiro ano. Com este novo formato do Enem, vai ser possível medir todo o valor agregado durante a formação na graduação e não apenas do final do primeiro até o último ano. Essa proposta vem ao encontro de uma das críticas legítimas que era feita ao conceito de valor agregado. Eu entendo que o novo Enem vai ser muito bem assimilado pelas particulares em virtude desse aspecto específico, porque elas, em geral, estão muito preocupadas com a sua própria avaliação, que será beneficiada por esse procedimento.

Íntegra da nota do MEC sobre o novo vestibular

Segue a íntegra da nota técnica enviada pelo MEC aos reitores das universidades federais com a proposta de substituição do vestibular.

O texto é assinado pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes.

"Proposta: unificação dos processos seletivos das Instituições Federais de Ensino Superior a partir da reestruturação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)

1. A razão da proposta: cenário atual

Os exames de seleção para ingresso no ensino superior no Brasil (os vestibulares) são um instrumento de estabelecimento de mérito, para definição daqueles que terão direito a um recurso não disponível para todos (uma vaga específica em determinado curso superior). O reconhecimento, por parte da sociedade, de que os vestibulares são necessários, honestos, justos, imparciais e que diferenciam estudantes que apresentam conhecimentos, saberes, competências e habilidades consideradas importantes é a fonte de sua legitimidade.

Parte-se aqui, portanto, do reconhecimento da necessidade, importância e legitimidade do vestibular. O que se quer discutir são os potenciais ganhos de um processo unificado de seleção, e a possibilidade concreta de que essa nova prova única acene para a reestruturação de currículos no ensino médio.

Ainda que o vestibular tradicional cumpra satisfatoriamente o papel de selecionar os melhores candidatos para cada um dos cursos, dentre os inscritos, ele traz implícitos inconvenientes. Um deles é a descentralização dos processos seletivos, que, por um lado, limita o pleito e favorece candidatos com maior poder aquisitivo, capazes de diversificar suas opções na disputa por uma das vagas oferecidas. Por outro lado, restringe a capacidade de recrutamento pelas IFES, desfavorecendo aquelas localizadas em centros menores.

Outra característica do vestibular tradicional, ainda que involuntária, é a maneira como ele acaba por orientar o currículo do ensino médio.

A alternativa à descentralização dos processos seria, então, a unificação da seleção às vagas das IFES por meio de uma única prova. A racionalização da disputa por essas vagas, de forma a democratizar a participação nos processos de seleção para vagas em diferentes regiões do país, é uma responsabilidade social tanto do Ministério da Educação quanto das instituições de ensino superior, em especial as IFES. Da mesma forma, a influência dos vestibulares tradicionais nos conteúdos ministrados no ensino médio também deve ser objeto de reflexão.

1.1 Democratização das oportunidades de concorrência às vagas federais de ensino superior

Exames descentralizados favorecem aqueles estudantes com mais condições de se deslocar pelo país, a fim de diversificar as oportunidades de acesso às vagas em instituições federais nas diferentes regiões. A centralização do processo seletivo nas IFES pode torná-lo mais isonômico em relação ao mérito dos participantes.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2007 (Pnad/IBGE) mostram que, de todos os estudantes matriculados no primeiro ano do ensino superior, apenas 0,04% residem no estado onde estudam há menos de um ano. Isso significa que é muito baixa a mobilidade entre estudantes nas diferentes unidades da Federação. Ainda que o Brasil seja um país com altas taxas de migração interna, isso não se verifica na educação superior.

Para efeito de comparação, nos Estados Unidos aproximadamente 20% dos estudantes cruzam as fronteiras estaduais para ingressar nas instituições de sua escolha. As estatísticas do National Center for Education Statistics apontam que, em 1998, 19,2% dos estudantes ingressaram em colleges ou universidades americanas fora de seu estado de origem.

Reestruturar o Enem para utilizá-lo como prova unificada evidencia o papel que o exame já cumpre. Afinal, ao longo de onze edições, a procura pelo Enem subiu de 150 mil para mais de 4 milhões de inscritos, sendo que mais de 70% dos participantes afirmam que fazem a prova com o objetivo maior de chegar à faculdade.

1.2 Novo Enem como instrumento de indução da reestruturação dos currículos do ensino médio

A nova prova do Enem traria a possibilidade concreta do estabelecimento de uma relação positiva entre o ensino médio e o ensino superior, por meio de um debate focado nas diretrizes da prova. Nesse contexto, a proposta do Ministério da Educação é um chamamento. Um chamamento às IFES para que assumam necessário papel, como entidades autônomas, de protagonistas no processo de repensar o ensino médio, discutindo a relação entre conteúdos exigidos para ingresso na educação superior e habilidades que seriam fundamentais, tanto para o desempenho acadêmico futuro, quanto para a formação humana.

Um exame nacional unificado, desenvolvido com base numa concepção de prova focada em habilidades e conteúdos mais relevantes, passaria a ser importante instrumento de política educacional, na medida em que sinalizaria concretamente para o ensino médio orientações curriculares expressas de modo claro, intencional e articulado para cada área de conhecimento.


2. Requisitos da proposta

A proposta é que o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem seja utilizado pelas instituições de ensino superior para subsidiar seus processos seletivos. No intuito de viabilizar a utilização de seus resultados para tal finalidade, o Inep/MEC propõe uma reestruturação metodológica do exame, que seria aplicado no mês de outubro e cujos resultados consolidados seriam entregues no início do mês de janeiro.

A nova prova seria estruturada a partir de uma matriz de habilidades e um conjunto de conteúdos associados a elas. A proposta inicial para a matriz de habilidades seria similar às diretrizes que hoje compõem o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos, o Encceja. Assim, o novo exame seria composto por quatro testes, um por cada área do conhecimento, a saber: (i) Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (incluindo redação); (ii) Ciências Humanas e suas Tecnologias; (iii) Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e (iv) Matemática e suas Tecnologias. Esta estrutura aproximaria o exame das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos currículos praticados nas escolas, mas sem abandonar o modelo de avaliação centrado nas competências e habilidades. Em relação ao conjunto de conteúdos, este seria construído em parceria com a comunidade acadêmica, neste caso específico, as IFES.

Cada um dos quatro testes seria composto por aproximadamente 50 itens de múltipla escolha, totalizando 200. Metade deles seria administrada em um primeiro dia de aplicação e a outra metade em um segundo, além de uma redação. Essa configuração permitiria ao Enem ter boa precisão na aferição das proficiências.

Um cuidado especial deverá ser tomado quanto à complexidade dos itens que comporão os testes. Tendo por base a finalidade de seleção que o Enem assumirá e uma expectativa de candidatos extremamente preparados, é fundamental que o delineamento dos testes comporte um número razoável de itens de alta complexidade, capaz de discriminar alunos de altíssima proficiência daqueles de alta proficiência. Isso significa que os testes devem ser muito informativos também para a faixa superior da escala.

O cuidado especial com a elaboração de itens e a composição dos testes remete a um planejamento estruturado: (i) itens pautados pela matriz de habilidades e conjunto de conteúdos a elas associados; (ii) itens elaborados e revisados a partir de critérios técnicos e pedagógicos estabelecidos com base empírica e na literatura; e (iii) itens pré-testados, identificando parâmetros estatísticos de discriminação, de dificuldade e de probabilidade de acerto ao acaso.

Quanto à escala, será utilizada a Teoria de Resposta ao Item, sob o modelo logístico de três parâmetros, que permite a comparação de resultados entre diversos ciclos de avaliação. Propõe-se a construção de quatro escalas distintas, uma para cada área do conhecimento. Cada escala será capaz de ordenar os estudantes conforme seu nível de proficiência, sendo possível às IFES estabelecer distintas ponderações ou pontos de corte para seleção de seus candidatos.

Espera-se, assim, que a reestruturação do Enem atenda plenamente à demanda das IFES por um instrumento de alto poder preditivo de desempenho futuro, capaz de diferenciar estudantes em diferentes níveis de proficiência.

O Inep domina a tecnologia de desenvolvimento de testes pela metodologia da TRI, que se caracteriza por medir habilidades de cada indivíduo e pela utilização de itens de prova com diferentes níveis de dificuldade, que permitem identificar o nível de habilidade do alunos a partir do conjunto de itens que ele acerta.

O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – Saeb / Prova Brasil, conduzido pelo Inep, já é desenvolvido a partir da metodologia da Teoria de Resposta ao Item – TRI há mais de dez anos. Na aplicação da prova para o ensino médio, ainda que hoje o Saeb foque as disciplinas de língua portuguesa e matemática, em 1997 a prova já avaliou conteúdos de física, química, biologia, história e geografia. Portanto, a tecnologia em avaliação permite que se construa exame que atenda à demanda das IFES, e o Inep possui absoluto know how para conduzir com sucesso esse processo.

Aliar a capacidade técnica do Inep, no que diz respeito à tecnologia educacional para desenvolvimento de exames, à excelência acadêmico-científica das IFES, é de suma importância nesse momento. Trata-se não apenas de agregar funcionalidade a um exame que já se consolidou no País, mas da oportunidade histórica para exercer um protagonismo na busca pela re-significação do ensino médio.

Reynaldo Fernandes
Presidente Inep/MEC"


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