sábado, 18 de abril de 2009

Escolas têm acervo variado, mas não contam com infraestrutura

Mara Puljiz, do Jornal de Brasília

Os alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal têm perdido um forte aliado na busca pelo conhecimento: os livros. Não que eles tenham desaparecido das escolas, ao contrário, o acervo da maioria mal cabe nas prateleiras. Os livros chegam, inclusive, a ocupar o chão de algumas salas. Entretanto, de nada adianta tê-los aos montes quando não há espaço físico adequado para guardá-los, os livros estão desatualizados e faltam profissionais nas bibliotecas para coordenar as atividades. Ainda assim, essa tem sido a realidade de uma parcela das 620 escolas do DF.

Atualmente, poucos são os colégios que contam com biblioteca, fonte de pesquisa para os estudantes de todas as séries e idades. Isto porque elas só podem ser chamadas assim quando há um bibliotecário capacitado trabalhando no local. O espaço físico das escolas onde ficam os livros são chamados, então, de salas de leitura. Atualmente, 477 escolas públicas contam com uma sala com essa finalidade, ou seja, 133 ainda carecem de espaços específicos de incentivo à leitura.

No Centro de Ensino Fundamental 801, no Recanto das Emas, a sala de leitura até existe e com um acervo de dar inveja a muitos colégios. O problema é que ela foi montada em um espaço de 42 metros quadrados onde mal cabem os alunos, as estantes e as três mesas para estudo. Ao entrar na sala, a primeira visão é do forro apodrecido devido à uma infiltração ocorrida no ano passado, que estragou cerca de 30 livros.

Esforço
Mesmo diante das dificuldades, no CEF 801, os professores se esforçam para não deixar a peteca cair e realizam inúmeras atividades para desenvolver o gosto pelos livros. Há poucos dias, por exemplo, os alunos participaram de um concurso de variações linguísticas. Os primeiros colocados foram premiados com livros. "Em uma escola que tem um projeto político pedagógico como o nosso, uma boa sala de leitura é fundamental", reconhece o diretor Marcos Antônio Faria.

Os alunos sentem falta de poder pesquisar mais à vontade. Além do espaço reduzido, a sala não tem ventilação e o calor dificulta a concentração dos estudantes. "Para mim, uma biblioteca tem que ser bem grande, cheia de livros e organizada. Aqui faz calor e é muito espremido", disse a aluna da 6ª série do CEF 801, Bruna Carvalho, 12 anos.

Na Escola Classe 401, também no Recanto das Emas, o problema é parecido. A diferença é que o espaço da sala de leitura é ainda menor. Em razão disso, ela não chega a ser utilizada pelas crianças. "Os professores colocam os livros em uma caixa e a levam para as salas de aula quando vão fazer alguma atividade com leitura", explica a vice-diretora, Cristiane Vilela. A chamada sala de leitura passou a ser utilizada para realização de aulas de reforço para um grupo de, no máximo, dez alunos.

Problemas
Os problemas variam em cada escola. Nas de Ensino Médio, raras são aquelas que contam com um bibliotecário. Segundo o diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro), Washington Dourado, não existe uma política de implantação de bibliotecas nas escolas com profissionais fixos, espaço ampliado e acervo atualizado. "Em 70% das escolas, as salas são improvisadas ou as utilizam para outras atividades e 80% das bibliotecas só têm como acervo o livro didático", afirma.

Dourado conta ainda que a maioria dos profissionais que hoje estão trabalhando em bibliotecas foram readaptados por não terem mais condições de ficarem em salas de aula por problemas de saúde, entre outros. "A realidade é que a maioria das bibliotecas hoje serve apenas de depósito para livros didáticos e não para estudo, como deveria ocorrer", reclama.

Do Jornal de Brasília


Acredito que isso não se restringe apenas ao Distrito Federal,mas o Brasil como um todo, e só depende de nós, colocar a boca no trombone e alertar sobre essa realidade.

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