sábado, 23 de maio de 2009

Dragão do Mar no Ceará


O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura é uma infra-estrutura completa para o exercício do lazer e da arte, objetivando democratizar o acesso à cultura, gerar novos empregos e movimentar o mercado turístico cearense.

São 30 mil metros quadrados de área para vivenciar a arte e a cultura, com atrações como o Memorial da Cultura Cearense, o Museu de Arte Contemporânea, o Teatro Dragão do Mar, as salas de cinema do Espaço Unibanco Dragão do Mar, o anfiteatro Sérgio Mota, um Auditório e o Planetário.

Visitantes de todas as localidades e classes sociais, das mais variadas faixas etárias e de renda visitam o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
A premissa básica é a de que a programação artístico-cultural desenvolvida seja sempre plural, diversificada, inovadora e de alta qualidade, sofisticada até.
Porém, o acesso é democratizado, permitindo que a população de baixa renda possa ter acesso aos bens simbólicos ofertados.

Assim é que, alunos de escolas públicas e pessoas de comunidades carentes acessam gratuitamente ao Memorial, Museu e Planetário, desde que agendem previamente.

Aos domingos a visitação ao Memorial e Museu é gratuita para toda população.
A maioria dos eventos musicais é aberta ao público ou cobrada preços simbólicos, bem abaixo daqueles praticados pelo mercado.

Há ainda, espaços de lazer e entretenimento que estão abertos para toda a população todos os dias de funcionamento do Centro Dragão do Mar: Praça Verde Historiador Raimundo Girão, Espaço Rogaciano Leite F0, Espaço sob o Planetário, Praça Almirante Saldanha, etc.
O Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria da Cultura, demonstrou ousadia e visão de futuro, ao construir o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Não seria precipitado afirmar, com razoável grau de certeza, que se trata de um dos investimentos mais bem sucedidos em cultura no Estado e no Brasil neste final de século.

A arquitetura do Centro Dragão do Mar se caracteriza por suas linhas arrojadas, concebidas pelos arquitetos Delberg Ponce de Leon e Fausto Nilo. Construído em uma antiga área portuária, o centro cultural possui ainda, em seu entorno, uma série de bares, restaurantes, lojas de artesanato e teatros. Sua estética arrojada contrasta-se com casarões do início do século.



O Dragão do Mar na história do Ceará


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Liberdade. A palavra de ordem dos idos de 1800, no Ceará, também nomeia a jangada que pertencia Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde. A jangada foi levada à capital do Império a bordo de um navio mercante, como símbolo da resistência popular abolicionista nas terras de Alencar. O líder dos jangadeiros cravou seu nome na história como o lendário Dragão do Mar, deflagrando a greve dos seus companheiros. Sua ousadia e coragem paralisaram o mercado escravista no porto de Fortaleza nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de 1881. Chico, filho da Matilde tinha, então, 42 anos.

Boa parte dos livros de História omite que outros ancoradouros e até mesmo esparsas lideranças da elite econômica do Estado tomaram posição idêntica e interromperam o fluxo de escravos em suas regiões e nas fronteiras com outras províncias do Nordeste, como nos conta a História do Ceará,organizado pela socióloga Simone de Souza (p.179). Antes e depois da greve que eternizou o Dragão do Mar, movimentos libertários como a “Sociedade Perseverança e Porvir”, a “Sociedade Cearense Libertadora” e jornais como o Libertador se destacam pela luta contra a escravidão. Mas foi a firmeza do mulato jangadeiro Chico da Matilde que ultrapassou os limites da província e alcançou o Império, mostrando a força da resistência nordestina que consagrou o maior herói popular da história abolicionista do Ceará.

O Dragão do Mar é filho de Canoa Quebrada, Aracati. No dia 15/04 de 1839, o pescador Manoel do Nascimento e dona Matilde Maria da Conceição receberam com alegria o filho Chico. Poucos anos depois, aos oito anos, Chico perde o pai e vai morar com outra família. Aos 20, aprende a ler. Torna-se chefe dos catraieiros (condutores de bote), trabalha na construção do porto de Fortaleza, é marinheiro, e finalmente é nomeado prático da Capitania dos Portos. Com a deflagração da greve, em 1881, é demitido. Três anos depois, com a libertação dos escravos, Chico da Matilde leva a embarcação Liberdade no barco negreiro Espírito Santo para o Rio de Janeiro. Mas a Liberdade ganha asas e toma rumo incerto. O jornalista catarinense Raimundo Caruso, conta original versão nas páginas do seu livro Aventuras dos Jangadeiros do Nordeste:

“A jangada Liberdade, de Francisco José do Nascimento, era a clássica, de troncos. Símbolo de uma resistência popular vitoriosa no Ceará, foi levada à Capital do Império a bordo de um navio mercante e, mesmo viajando no porão, inaugura a rota das futuras aventuras dos jangadeiros nordestinos em direção ao Sul. A embarcação foi exibida nas ruas do Rio de Janeiro, sob os aplausos da multidão, e pouco depois é doada ao Museu Nacional, onde foi recebida como valiosa peça etnográfica (...). Em seguida a jangada foi transferida para o Museu da Marinha (...), de onde, queimada, feita em pedaços ou desmontada, desapareceu”.

Até hoje não se sabe o destino da Liberdade, que uniu cearenses e permanece no imaginário de todos como a vitória concreta da solidariedade entre as raças, credos e timbres, do sertão ao litoral. Ao lado da vela, a imagem guerreira e emblemática do Dragão do Mar.

2 comentários:

  1. Adoro esses locais que respiram cultura! E nos fins de semana ainda podemos tomar um chope em uma local superagradável!

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  2. João estou aqui para fazer uma visita, e se vc achar legal poderemos trocar idéias. Sou formada em CI...
    O seu blog me chamou a atenção pelo nome. Lembro-me que quando comecei em CI na Puc Minas uma amiga disse para mim em respota a uma pergunta: biblio o que??? foi muito engraçado, fiquei bobo porque ela não conhecia a Biblioteconomia...rsrsrsrs....

    Gostei de seu blog hein...

    bjos

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